O caso Sidão e a falta de bom senso

xsidao-santos-1.jpg.pagespeed.ic.sEzb98U6NsQue o futebol é fonte inesgotável para zoeira e tiração de sarro, todo mundo sabe. Parte do prazer do torcedor está em secar o adversário e, sempre que possível, comemorar a derrota alheia. Sempre foi assim, desde que Charles Miller trouxe uma bola para cá e as primeiras rivalidades surgiram. É normal, saudável, fundamental, eu diria, para manter a paixão acesa.

Porém…. ah, sempre tem um porém…

O torcedor está no seu direito de não ter bom senso. É a paixão que comanda, não dá para querer racionalidade, no sentido estrito da palavra. Mas é preciso razoabilidade entre aqueles que ajudam a divulgar o espetáculo. Sim, estamos falando aqui do caso Sidão, que dividiu muitas opiniões no fim de semana.

Para quem não acompanhou: o goleiro Sidão, do Vasco, teve uma atuação muito ruim diante do Santos e contribuiu decisivamente para a derrota da equipe cruz-maltina. No entanto, foi eleito o “Craque do jogo”, um prêmio oferecido pela TV ao jogador mais votado pelo público via web. Claramente foi uma manifestação de sarcasmo dos torcedores, uma “homenagem às avessas”.

No entanto, lá foi a repórter – totalmente sem graça – entregar o troféu a Sidão. O atleta, apesar da consternação pelo resultado da partida (3 a 0 para o adversário), recebeu o “mimo” e foi embora, cabisbaixo. Um show de constrangimento, ao vivo, em rede nacional.

Vamos lá. Em primeiro lugar, serei curto e grosso: não achei correto entregarem o prêmio. Ponto. Não se trata de mimimi ou falso moralismo. Mas era óbvio que a circunstância em si já seria desconfortável para os envolvidos – notadamente a repórter e o goleiro. Era o tipo de situação em que o próprio narrador poderia ter anunciado o resultado, destacado o fator jocoso da escolha e pronto, um abraço! Não deveria chegar no atleta.

A repercussão negativa está sendo imensa, como era de se esperar. Aliás, como poderiam imaginar algo diferente? Vejam bem, é preciso separar o esforço válido e louvável de enaltecer a diversão que o futebol proporciona, pois sempre haverá um para rir e outro para chorar, o vencedor e o derrotado. Trata-se de um esporte, como qualquer outro.

Porém.. olha o porém aí novamente… a falta de bom senso no caso Sidão gerou uma antipatia desnecessária, pela maneira como foi conduzida. A TV informou que vai mudar a “fórmula” da escolha. Agora, os comentaristas também terão voto – ou veto – para decidir o vencedor. O objetivo é garantir que a escolha seja sobre quem, de fato, tiver sido o melhor em campo, e não o contrário. Se vai funcionar ou não, a lição que fica é: a TV tem a missão de informar. Deixa a zombaria para os torcedores. Cada um na sua.

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